122 ANOS DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA
“Campos Sales é a cidade portal do Cariri”. Assim
ressaltou o professor, poeta e escritor, Mariano Carvalho, ao escrever a letra
do hino dessa cidade. A mesma é considerada o portal do Cariri ao permitir o
acesso dos viajantes que vierem do Piauí com destino a terra outrora habitada
pelos índios Kariris. Permite também o acesso ao centro sul do estado do Ceará,
e no sentido contrário, o caminho aos viajantes que buscam seguir o destino
rumo ao estado do Pernambuco.
Essa cidade hospitaleira, desde as suas origens nos
idos dos séculos XIX e XX, homenageia em seu nome, um dos políticos
reconhecidos da República brasileira. Mas já fora nomeada Várzea das Vacas e
Nova Roma em tempos passados. É o lar onde descansa a Heroína Bárbara de
Alencar, no distrito Itaguá. Além disso, foi o habitat de homens reconhecidos
no sul cearense, como o Coronel Baleco, na fazenda Cabeceira e o Barão de
Aquiraz, Gonçalo Batista Vieira.
Há aspectos curiosos nas nomenclaturas dos bairros
campossalenses que permanecem ocultos na História local. Que dizer da “Praça do
O” ser um espaço retangular ou praticamente quadrada. Esse local que há 10 anos
era totalmente diferente, com árvores antigas e altas na estética natural, e
bancos de cimentos na arquitetura artificial. Árvores que sombreavam os bancos
onde as pessoas paravam e sentavam para prosear. Esses bancos que guardaram
segredos amorosos, pois serviam de encontros dos enamorados que se permitiam
apaixonarem-se ao som das serenatas dos pássaros que ali habitavam.
Outra nomenclatura curiosa relaciona ao bairro
Batalhão que não abriga destacamento policial, seja cadeia ou delegacia. Mas há
quem afirme que antes de ser bairro, esse local fora utilizado pelos
guerrilheiros que se organizavam ali para a batalha contra a coluna Prestes.
Essa equipe de guerrilheiros até fora informada que receberia o reforço de um
grupo de cangaceiros liderados por Virgulino Ferreira, o Lampião, mas o grupo
dos destemidos que habitavam a caatinga nordestina, desistira da participação
na luta que não ocorrera porque a coluna Prestes desviou seu caminho pela
vilarejo fundado pelo padre Ibiapina (Pio IX – PI) e não passou aqui no Cariri
Oeste como previra os guerrilheiros.
Que dizer então do bairro Guarani, que recebe nome
de uma das maiores tribos indígenas brasileiras, mas que não habitaram nessa
região que era território dos povos Kariris. Ou o que falar sobre a Praça da
Farinha, onde não se comercializa apenas farinha, mas também fécula de mandioca
(goma), feijão, fava e milho.
Essa cidade que já teve parte de sua História
registrada, em prosa e versos, é um berço cultural. Os maiores festivais
juninos aconteceram e acontecem na praça em frente ao templo católico, assim
como os festivais religiosos e musicais com artistas locais e nacionais que
reunem multidões. Há destaque também na cultura popular, com poetas
repentistas, cordelistas, escritores e fotógrafos que registram a história e o
cotidiano de nossa gente. Assim, Campos Sales que já fora Pousada de viajantes,
fazenda de gado; possui algumas nomenclaturas curiosas e permanece uma terra
hospitaleira. Além disso, é um berço cultural na nossa região do Cariri Oeste
e, indubitavelmente, é a cidade portal do Cariri.
José Roberto Morais
Sociedade dos Poetas de Araripe – SPA
(Cadeira nº 13)
Academia de Letras do Brasil – ALB /Seccional/Regional/Araripe
(Cadeira nº 22)
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