terça-feira, 28 de março de 2017

AMORES INCORRESPONDIDOS


O amor é como fogo:
para que dure é preciso alimentá-lo”.
La Rochefoucauld


















Incorrespondido foi meu amor
À linda Luciana dedicado
Ficou meu coração despedaçado
Ao contrário, ela nunca me amou


Olinda, fui seu anjo protetor
Meu peito, ela deixou magoado
Muitas vezes, no chão ajoelhado
Chorei, pedi, ela me humilhou


Édna, outra jovem, eu supliquei
Implorei pelo seu lindo olhar
Desprezou-me, dizia-se jovem


Carolina, amando-a fiquei
Durante três anos a implorar
Não me ouviu, distância, bobagem.

FILHO DE GATO, É GATINHO!


Numa cidade pacata do interior cearense, aconteceu um assassinato de um garoto de apenas doze anos de idade. Segundo comentários de pessoas conhecidas, tratava-se um garoto envolvido com usuários e traficantes de drogas.
Na escola onde trabalho, vários colegas comentaram o fato acontecido com julgamentos irreflexivos e corriqueiros, do tipo: “se ele estivesse na escola, isso não teria acontecido”, “isso sempre acontece com quem mergulha no mundo das drogas”, “traficante sempre acaba preso ou morto” e outros comentários insignificativos.
Porém, nenhum desses comentários foi mais irrelevante do que o comentário do padre da paróquia local durante a realização de uma missa em um sítio da cidade vizinha. Durante a celebração, o “respeitável” padre, após algumas leituras reflexivas falando sobre os bons caminhos e os caminhos ruins, mencionou o assassinato, recém-ocorrido, e questionou se os fiéis ali presentes ouviram o noticiário pela rádio da cidade, o veículo informativo mais presente naquele sítio.
Ao ouvirem o questionamento do religioso, vários fiéis se manifestaram. Alguns comentaram que foi um crime bárbaro, outros afirmaram que isso sempre acontece aos criminosos e traficantes, poucos disseram tratar-se de uma criança que teria uma vida a ser vivida pela frente que foi interrompida por causa das drogas, seguiram outros murmúrios incompreensíveis etc.
Quando os fiéis calaram e voltaram sua atenção ao religioso, esse utilizou um provérbio conhecido ao expor sua opinião e disse:
- Irmãos e irmãs, esse garoto já havia roubado várias lojas e pessoas conhecidas, afinal foi isso que ele aprendeu, pois “filho de gato, é gatinho”.
O religioso nem sequer mencionou que o garoto falecido perdeu sua mãe ainda bebê e foi abandonado pelo pai alcoólatra.
A celebração terminou, mas aquelas palavras continuaram martelando no meu cérebro, então me pus a refletir: “Se um religioso, que diz guiar o rebanho do Senhor ao liderar a Igreja Romana numa cidade, apresenta um julgamento tão severo sobre um ser humano, imagine a sociedade alienada em que vivemos. Além disso, a Igreja como representante do Salvador na terra deveria acolher o ser humano que desviou-se e perdoá-lo setenta vezes sete se necessário. Pois foi isso que Cristo ensinou: Amar uns aos outros como Ele nos amou. Mas como está registrado nos livros que compõem a Bíblia Sagrada, foi essa mesma Igreja Romana que acusou Jesus Cristo de traição ao Império Romano e influenciou Pôncio Pilatos e Herodes a executarem em morte de cruz o Rei dos Judeus. Portanto, essa atitude justifica a opinião do religioso sobre o assassinato que vitimou o garoto de doze anos numa cidade do interior cearense: “Filho de gato, é gatinho”.

A ALIENADORA E OS ALIENADOS


A televisão brasileira se transformou numa vitrine de fofocas, violência, besteirol e pornografia (mal) disfarçada. O público desta terra inculta, despreparada culturalmente, prefere a distração fácil e agressiva, as informações emocionantes e falsas, as pegadinhas engraçadas e humilhantes. Sem pensar, interpretar ou contestar, o público gasta seu tempo livre com muita imundície.”
A caixa bestificante, como chamou o cartunista, Fernando Gonsales, no final do século passado, transformou seus telespectadores em dependentes. Hoje parece não existir um lar sem que a vitrine de fofocas esteja exposta na sala de estar.
Com uma variedade de imundícies para apresentar, neste quesito perdendo apenas para as redes sociais, a televisão mostra diariamente distrações fáceis e agressivas, tais como os desenhos animados que apresentam violência na maioria dos episódios e são direcionados para o público infantil, infectando e alienando-o desde o princípio da existência. O Homem-Aranha, Hulk, Super-Homem, Ben 10 e outros desenhos insignificantes e irresponsáveis se tornam os favoritos da garotada, pois essa é influenciada pelas mães desde cedo. Já que, as mães alienadas já colocam seus bebês chorosos que necessitam de carinho e atenção para serem infectados com o vírus incontrolável transmitido pela televisão. Se o bebê chora, a mãe liga a TV e o coloca em frente. Então contagiado pelo vírus da caixa bestificante, a criança para de chorar e mãe pode realizar suas atividades.
Por volta dos 8 aos 10 anos, a criança não consegue mais a sua independência e passa horas assistindo aos desenhos cada vez mais violentos.
Outro aspecto característico da vitrine apassivadora são as fofocas e a pornografia mal disfarçada. Esses são aspectos presentes diariamente nas telenovelas, minisséries e reality shows. Nesses quesitos, a Rede Globo é a campeã, apresentando imundícies a partir das 4 horas da tarde. As telenovelas tão conhecidas como o Vale A Pena Ver de Novo, das 18, 19 e 21 horas. Além de reality shows, tais como o Big Brother Brasil que é apresentado no início do ano e tinha como apresentador o jornalista Pedro Bial, há as minisséries campeãs em pornografia e fofocas, que não vale a pena enumerar as imundícies apresentadas pela vitrine alienadora através da Rede Globo. Difícil é encontrar um programa cultural significativo nessa caixa bestificante.
Essa caixa bestificante é tão popular nas residências brasileiras que em muitas casas da classe operária onde a pobreza permeia incansavelmente, os componentes da família comem mal, vestem-se mal, não possuem móvel algum em casa, mas em algum canto da sala de estar sobre a mesa ou algo, encontra-se a alienadora transmitindo fofocas, violência, besteirol e pornografia aos seus alienados que são passivos e influenciáveis, pois fazem parte de sociedade inculta que não pensa, não interpreta, nem contesta as imundícies que veem.
Além dos incultos, é triste ver a alienação quanto às imundícies apresentadas pela televisão também entre as classes que frequentam ou frequentaram as salas das universidades e possuem diplomas de cursos relevantes, mas que são diplomados diariamente como alienados das imundícies transmitidas pela televisão, a alienadora caixa bestificante.

JEITINHO BRASILEIRO


Enquanto eu estava na fila de uma casa lotérica para pagar as contas de água e energia (luz), percebi entre as pessoas que ocupavam a fila para pessoas com prioridade, uma conhecida que mantinha nos seus braços seu filho de menos de um ano de idade.
Após receber o atendimento por parte da funcionária da lotérica. A mulher retirou-se com a criança e minutos depois sua amiga que não tem filhos, entrou na casa lotérica carregando nos braços o filho da amiga que havia saído aos poucos minutos. Dirigiu-se a fila de prioritários e recebeu o atendimento, saindo logo em seguida.
Outro exemplo de jeitinho brasileiro, presenciei outro dia no trânsito da pacata cidade onde trabalho.
Na avenida principal da cidade, há um cruzamento onde há sinalização com semáforos. Eu aguardava pelo sinal verde para poder seguir viagem quando uma professora (que deveria ser o exemplo para os demais usuários pela formação acadêmica e ocupação que exerce) chegou e parou ao meu lado. Mas ela não esperou pelo sinal verde, mal parou já estava viajando e avançando contra o sinal vermelho que proibia sua passagem.
São fatos como esses que me levam à reflexão. Muitas pessoas julgam, condenam ou se divertem ironizando o comportamento daqueles que ocupam cargos públicos, tais como os vereadores, prefeitos, deputados, senadores, governadores e presidente. Tacham de corruptos, ladrões, bandidos etc. Reclamam que a educação está ruim, que a saúde não pública não funciona, que não há segurança pública etc. Mas quando surge a oportunidade de mostrar o seu lado corrupto não perdem a oportunidade. Não devolvem o troco que receberam a mais, ultrapassam o sinal vermelho, pegam a criança alheia para entrar na fila de prioridade, fingem sentir dor para não enfrentar a fila no hospital, votam apenas para manter o seu emprego ou de alguém da família, ao pedirem algo emprestado costumam não devolvê-lo, pagam propina aos policiais para não serem multados etc.
Imagine se essas pessoas chegarem ao poder: Como irão agir? Serão justas tendo a oportunidade de conseguir os objetivos mais facilmente? Eu penso que quem é corrupto com o pouco; com o muito, mais corrupto será ou simplesmente manterá o jeitinho brasileiro nos eventos cotidianos.

quinta-feira, 2 de março de 2017

REDES SOCIAIS: MUITA INFORMAÇÃO, POUCO CONHECIMENTO


Atualmente a informação é veiculada rapidamente através das redes sociais. What’s app e facebook superaram o rádio e a televisão como veiculo de informação. Porém, permitem a circulação de muitas informações inverídicas, corriqueiras, insignificantes que jamais serão transformadas em conhecimento.
Há pessoas que costumam ocupar boa parte do dia conectado à internet através das redes sociais. Algumas ganham o sustento nisso: postam fotos, charges, calúnias, textos etc. Outras apenas curtem, compartilham e às vezes comentam aquilo que alguém postou.
As informações inverídicas são postadas frequentemente. Algumas sobre mortes de famosos que ainda vivem, outras sobre fatos que dificilmente ocorrerão etc. Pois, para pessoas que postam esse tipo de informação, a relevância não está no fato, mas na quantidade de seguidores que irão curtir, compartilhar e comentar. Já as informações corriqueiras que se repetem diariamente e os usuários curtem, compartilham e frequentemente comentam monossilabicamente. Tais informações sobre política, saúde pública, segurança, preconceito etc. Além dessas, há ainda as informações insignificantes, aquelas que não irão mudar nada, pois não dizem nada relevante. Um exemplo desse tipo de informação pode ser percebido em mensagens do tipo: #partiu para ..., #se sentindo confiante, feliz, esperançoso, triste etc...
Realmente as redes sociais vão de encontro ao conhecimento, pois elas atrapalham até os momentos únicos com amigos. Cito como exemplo quando você está debatendo com amigos um assunto significativo, como a cultura ou educação. Alguém cita Freire, outro comenta, um terceiro complementa e um quarto que está conectado às redes sociais apenas permite soar um aham. Pois está curtindo, compartilhando, às vezes comentando algo on line.
Eu fiquei surpreso outro dia durante uma gincana escolar, realizada pela área de Ciências Humanas. Nesse evento, descobri que muitos alunos, inclusive do 3º ano do Ensino Médio, desconhecem o mapa do Brasil, suas regiões, estados e capitais. Por outro lado, esses alunos são experts nas redes sociais.
A utilidade das redes sociais é explícita atualmente, porém não deve ser a única fonte consultada, pois elas apresentam muitas informações, mas você usuário deve aprender a selecionar aquelas que são relevantes e questioná-las, transformando-as em algum conhecimento. Além disso, as fontes de conhecimento mais relevantes continuam sendo, eu penso assim, os livros e jornais. Portanto, jamais trocarei uma hora de boa leitura por uma hora de acesso às “queridas” redes sociais que apresentam muita informação, mas pouquíssimo conhecimento.