sábado, 23 de dezembro de 2023

LUCIANO CARNEIRO: UM MESTRE DO CORDEL

(Luciano Carneiro de Lima - *1942/+2020) 


Vou falar no cordelista

Grande Mestre Luciano

Nascido lá em Teixeira

No solo paraibano

Foi no século passado

Aqui surgiu neste plano.

 

Nasceu no sítio Guedes

No distrito de Palmeira

Das terras paraibanas,

Município de Teixeira.

Foi ali que viu o sol

Pela sua vez primeira.

 

Sendo filho de José;

E sua mãe é Jovita.

Ele, Carneiro de Lima;

Ela, uma moça bonita.

Juntos, tiveram dez filhos

Naquela terra bendita.

 

Ali passou a infância 

E também a adolescência 

Na terra onde ele nasceu, 

Viveu com resiliência. 

Depois, foi pra Bodocó, 

Fixando ali residência.


Depois foi morar no Crato,

Aos dezesseis de idade.

No Cariri, se destaca,

Pela beleza, a cidade,

E gostou muito dali,

Estando na flor da idade.

 

Na chegada, residiu

Nos sítios do Brigadeiro

José Macêdo, onde foi

Campesino e carroceiro.

Cuidou das propriedades

Do patrão mui altaneiro.

 

No ano sessenta e quatro,

Sendo o século o passado,

Com Luzanira Batista

Casou-se. E agraciado

Veio a ser com treze filhos,

Aos quais deixou seu legado.

 

E não frequentou escola,

Mas muito aprendeu na vida

Pois participou apenas

De um curso nesta lida:

Alfabetização Solidária

Foi seu ponto de partida.

 

Participou dum programa,

O “Coisas do meu Sertão”.

La na Rádio, declamava,

Fazendo a divulgação.

Apresentava Elói Teles,

Ás na comunicação.

 

Tornou-se cofundador

Da Arcádia regional

A ACC congrega

Um grupo intelectual

Na defesa do cordel

Patrimônio cultural.

 

No ano dois mil e oito,

Um momento de emoção:

Como Mestre da Cultura,

Recebeu premiação,

Sendo, assim, reconhecido

Por toda população.

 

Após criar várias obras,

Que são registros na história,

No ano dois mil e vinte,

Teve fim a trajetória,

Quando a COVID o ceifou,

Ele partiu para a Glória.

 

Dando adeus a este mundo,

Luciano nos deixou.

Fez sua triste partida,

Pois a missão terminou.

A poesia popular

Com muito pesar ficou.

 

Em uma elegia ao Mestre

Da cultura popular,

A ACC e amigos

Decidiram publicar

Um tributo a Luciano,

E eu pude participar.


José Roberto Morais

ACLC - cadeira nº9

Patrono: Luciano Carneiro de Lima

 


domingo, 5 de novembro de 2023

O CORDELISTA EXEMPLAR

LITERATURA POPULAR 


Em novembro, o aniversário

Do poeta popular

Um ser extraordinário

O cordelista exemplar

Do berço paraibano

Ao solo pernambucano

Construiu sua História

Leandro Gomes escreveu

No cordel permaneceu

Resguardado na memória.

 

O filho lá de Pombal

Da Fazenda Melancia

No cordel, um genial

Mestre dessa poesia

Morou em Jaboatão

Vitória de Santo Antão

Em Recife, a capital

Onde morou de aluguel

Pra divulgar o cordel

Com tino comercial.

 

Viajando e divulgando

Sua vasta produção

Sem medo, seguiu Leandro

Nas veredas do sertão

De anedotas, contador

Com muito senso de humor

Numa escrita divertida

Com métrica e bem rimada

Cada história inspirada

Nas temáticas da vida.

 

"O cavalo que defecava

Dinheiro", ele escreveu

Sobre a seca que devastava

As terras onde viveu

Ele contou em cordel

"Uma viagem ao céu"

E "Juvenal e o dragão"

De Alzira os sofrimentos

De Cancão, o testamento

Um caloteiro em ação.

 

Sua vasta produção

Na poesia popular

Fez Drummond na redação

De “O Brasil” lhe chamar

“O Príncipe dos Poetas”

Das rimas sempre seletas

Da poesia no sertão

Foi grande consolador

Um sátiro trovador

De história e tradição.


MORAIS, José Roberto. O Cordelista Exemplar. In Revista Sarau. Ano 3. Número 5. Fortaleza CE. novembro/dezembro de 2023. (p.37-38) ISSN 29656192

CENTENÁRIO DO POETA MALDITO: JOSÉ ALCIDES PINTO

LITERATURA CEARENSE 


Em setembro, o centenário

De José Alcides Pinto

Poeta extraordinário

Que cantou o seu recinto

Nascido lá em Santana

Sua imaginação emana

A ótima trilogia

Chamada da Maldição

Pinto, Abutres e Dragão

Faz parte dessa autoria.

 

Na literatura fantástica

Fez a vasta produção

Sua obra tão elástica

Fértil imaginação

Falou sobre o erotismo

O delírio, o egoísmo

Loucura, amor e maldade

Lucidez, miséria e morte

São temas e passaporte

Da sua genialidade.

 

Com enigma fascinante

Na arte da literatura

Sua obra é relevante

Interessante leitura

Encanta e prende a atenção

Pois registra transgressão

Para o sobrenatural

Registrando na memória

Alcides fez sua história

Um grande intelectual.


MORAIS, José Roberto. Centenário do Poeta Maldito: José Alcides Pinto. In Revista Sarau. Ano 3. Número 4. Fortaleza CE. setembro/outubro de 2023.  (p. 9). ISSN 2965-6192

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

GIZEUDA GOMES - EDUCADORA EXEMPLAR

 HOMENAGEM

Eu peço sua atenção

Pois agora vou falar

Sobre a grande educadora

Que mora neste lugar

Na história educacional

Um exemplo singular.

 

Filha de Joana Alencar

E Virgílio Oliveira

Seguiu seu itinerário

Nesta terra altaneira

Começou a estudar

Vencendo qualquer barreira.

 

Pra prosseguir seus estudos

Foi morar noutra cidade

Com destino ao Assaré

Buscou oportunidade

Na jornada estudantil

Seguiu com assiduidade.

 

Logo o Ensino Primário

Terminou com maestria

No Santa Tereza de Jesus

Seu estudo prosseguia

Magistério Pedagógico

Diplomada com alegria.


Aos 33 de idade

Começou lecionar

No distrito Carmelópolis

Educadora exemplar

Primeira Diretora da

Escola Ossian Alencar.

 

Casou com Senhor Bonézio

Mãe de Regina e Vicente

Ela, ótima pedagoga,

Ele, contador excelente

E formou-se em direito

Pra ajudar sua gente.

 

Atualmente Gizeuda

Zela pela educação

Das crianças e dos jovens

No seio da instituição

Tens o reconhecimento

Ímpar da população.

 

Dona Gizeuda atuando

Transmitiu sua lição

Para muitos ministrou

Com muita dedicação

Meio século de história

Em prol da educação.


José Roberto Morais

Professor

Homenagem da Escola Ossian Alencar Araripe a Professora Maria Gizeuda Gomes Mota.


sábado, 9 de setembro de 2023

MARIA DULCE DE ALENCAR: GRANDE EDUCADORA

HOMENAGEM 

Eu peço sua atenção
Pois agora vou falar
Sobre a grande educadora
Maria Dulce de Alencar
Na história educacional
Um exemplo singular.
 
Filha de Ester Alencar
E Vicente Alexandrino
Seguiu seu itinerário
Neste solo nordestino
Começou a estudar
Pra mudar o seu destino.
 
O Primário em Campos Sales
Terminou com maestria
No Santa Tereza de Jesus
Seu estudo prosseguia
Primeiro lugar no pódio
Diplomada com alegria.
 
Uma jovem professora
Começou lecionar
Na cidade de Araripe
Em um grupo escolar
Nas Escolas Reunidas
Educadora exemplar.

Logo depois retornou
Para cidade natal
E veio lecionar no
Ginásio educacional
Atendendo um convite
De maneira especial.
 
E tornou-se a diretora
Desse estabelecimento
Prezando pelo ensino
Em prol do conhecimento
Ficou na instituição
Até seu falecimento.
 
Dulce Alencar contribuiu
E zelou pela educação
Das crianças e dos jovens
No seio da instituição
Tens o reconhecimento
Ímpar da população.
 
Aos oitenta e um de idade
Ela fez sua partida
Deixando todo legado
Por todos muito querida
Como grande educadora
Ao longo de sua vida.

Homenagem à professora Maria Dulce de Alencar; solicitação da colega professora Nilda Nascimento, coordenadora da Escola João XXIII em Campos Sales CE.

José Roberto Morais
Sítio Tanquinho, Araripe CE
02/09/2023


terça-feira, 15 de agosto de 2023

CONGRATULATIONS, STUDENTS!

11 de agosto: dia do estudante


Um(a) humilde estudante
Vai à escola todo dia
Seguindo sempre adiante
Estuda com alegria
Aprendendo português,
Matemática e inglês,
História e geografia.


Executa os exercícios 
Usando habilidade
Não comete desperdícios
Com a criatividade
Estudando biologia,
Física e filosofia,
E nossa sociedade.

Com seus livros na sacola
E o sorriso no olhar
Vai seguindo à escola
Como gesto exemplar
Está sempre analisando
Produzindo e observando
Para saber opinar.

Faz sempre sua lição
Desenvolve a competência
Muito foco e atenção
Justifica cada ausência
"Autonomia, estudante
Siga seu sonho avante
E não perda sua essência".


José Roberto Morais
Professor





sábado, 5 de agosto de 2023

CANETADA NA EDUCAÇÃO

 

332 milhões

Bloqueados da educação

Bolsas de estudo, transporte

Também alfabetização

É descaso de um governo

Politiqueiro em ação.

 

Retirar esse dinheiro

Um gesto de covardia

De um governo hipócrita

Cheio de demagogia

Idólatra de corruptos

Usurpando todo dia.  

 

“União e reconstrução”

Esse slogan mente bem

São vestígios de um governo

Que só ilude também

Quem defendê-lo não mostra

Preocupação por ninguém.

 

Um governo que se preza

Zela pela educação

Recursos são destinados

Pra formar o cidadão

Mas se é politiqueiro

É desmando pra nação.

 

Brasil, 05/08/2023

 

Fonte 1: https://www.estadao.com.br/politica/governo-lula-bloqueia-verba-para-alfabetizacao-transporte-escolar-e-bolsas-de-estudo/

Fonte 2: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/governo-bloqueia-r-15-bi-do-orcamento-saude-e-educacao-sao-as-areas-mais-afetadas/

Fonte 3: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/governo-bloqueia-1-5-bilhao-10-ministerios-saude-educacao-mais-atingidos/

quarta-feira, 26 de julho de 2023

RECORDANDO O PASSADO

 RESENHA

Recordar é viver. Eis que revivi meu passado ao ler o livro do meu amigo e escritor santanense, Sandro Cidrão.

O livro “Revivendo o passado – memórias” foi publicado em 2016 pela editora Control P Soluções Gráficas em Crato – CE. Essa obra literária composta por crônicas narrativas foi diagramada por Manoel Neto, com revisão dos escritores Elisabeth Antão e Geraldo Ananias. A idealização e concepção de capa foi da universitária Ana Elís Cidrão (filha do autor) enquanto o designer ficou por conta de Janaína T Morais.

A apresentação e o prefácio dessas crônicas foram escritos, respectivamente, por Elisabeth Antão e Geraldo Ananias. O escritor santanense dedicou essa obra literária em memória de sua mãe, Maria da Silva Cidrão.

O texto é composto por recordações dos fatos vivenciados pelo autor, seguindo uma ordem cronológica. Apresenta textos com temáticas religiosas como graças alcançadas, primeira comunhão, a renovação dos santos, Noite de Natal e Papai Noel, as coroações Marianas. Narra também fatos cotidianos como mudanças de casa, viagem à feira e a capital, desfiles de 07 de setembro, primeiro dia de aula, aprovação no vestibular, lida na roça, visitas aos amigos, cantores favoritos... fatos históricos como o nascimento do irmão caçula, a formatura, a doença da esposa, a amizade com pessoas de outras cidades... Registra-se também as curiosidades infantis, a valorização dos pequenos atos. Para abrilhantar ainda mais esse trabalho literário, eis que há uma canção “Caçador de mim” de Milton Nascimento e o posfácio escrito por Ana Elís Cidrão. Além disso, cada capítulo inicia-se com uma breve citação de escritores diversos sobre o assunto abordado pela crônica.

Eis uma leitura interessante para aqueles que viveram fatos semelhantes e podem revivê-los ao ler essas recordações; e para as gerações modernas, possibilitando-lhes conhecer traços culturais que estão sendo esquecidos pela sociedade.      


MORAIS, José Roberto. Fantástico Mundo da Leitura. José Roberto Morais. Pará de Minas, MG: VirtualBooks Editora, Publicação 2022. E-book formato PDF (p.44-45)   



sábado, 22 de julho de 2023

AMBIENTE BUCÓLICO

 CRÔNICA

Os ambientes bucólicos foram as preferências dos poetas árcades para exaltar a natureza, cantar os amores entre pastores e musas, enaltecer a vida bucólica. Os poetas arcadistas estavam sempre em busca pelos valores da Natureza, fazia muitas referências a terra e ao mundo natural. Costumavam escrever sobre as belezas do campo, a tranquilidade que era proporcionada pela natureza e contemplavam a vida simples, o encontro com a natureza que purificam as almas com os ares leves do campo, desprezando a vida nos grandes centros urbanos. Sempre utilizando uma linguagem simples, sugerindo que se aproveite o momento.

O sítio Tanquinho também apresenta seus ambientes bucólicos, um contato com a natureza, o canto dos pássaros poetas da natureza e os refrãos da orquestra anfíbia que fez habitat nesse ecossistema sertanejo.

O açude público do Tanquinho é um desses ambientes bucólicos que inspiram os poetas. A presença constante de diversas espécies de aves aquáticas que nadam e mergulham nas águas cristalinas; as árvores que o rodeiam que servem de palcos onde os seresteiros do sertão cantam e encantam numa diversidade de sons, assobios...      

Entre as árvores que servem de palco aos seresteiros das florestas, destacam-se os juazeiros e as juremas, árvores típicas do sertão.

Ao lado da casa minha

Há um grande juazeiro

Um sabiá faz poleiro

Bem-te-vi, gola, rolinha

Até mesmo uma andorinha

Tem cantado seu refrão

É grande a animação

E diversos são os temas

Juazeiros e juremas

Árvores do meu sertão.

 

Quando começa chover

O galo campina canta

O seu canto nos encanta

Logo ao dia amanhecer

A chuva fará nascer

Nossa linda plantação

Depois de longo verão

As chuvas não são problemas

Juazeiros e juremas

Árvores do meu sertão.

 

O poeta, em momentos de sublime leveza e naturalidade, verseja sobre esses recursos naturais que embelezam o contato com a natureza, os ambientes bucólicos.


José Roberto Morais

quarta-feira, 19 de julho de 2023

O MESTRE DO TERROR E MISTÉRIOS

RESENHA 

Uma leitura fascinante e prazerosa que prende a atenção do leitor do início ao final da narrativa é presente na obra do americano Edgar Allan Poe.

Edgar Allan Poe foi um autor, poeta, editor e crítico literário que participou do movimento romântico americano. Ele é considerado o inventou do gênero ficção de detetive. Tentou viver escrevendo e isso resultou numa carreira e vida dificultosa.

Poe ingressou na universidade e estudou francês, espanhol, italiano, latim e grego. Ele iniciou suas produções literárias com Tamerlane and Other Poems (Tamerlão e outros poemas) em 1827. Sua segunda publicação de poesias foi Al Aaraaf, Tamerlão e Poesias Menores. Em 1831 publicou Poemas, mas a sua produção fantástica de contos que o tornou conhecido iniciou em 1833 ao ganhar um prêmio com Manuscrito Encontrado numa Garrafa. A partir dessa, vieram os contos que se tornaram conhecidos também no mundo do cinema através de adaptações e produções recheadas pelos efeitos visuais.

O livro Histórias Extraordinárias apresenta contos como A Queda da Casa de Usher e Contos do Grotesco e de Arabesco, Os Crimes da Rua Morgue, O Escaravelho de Ouro, O Gato Preto, O Poço e o Pendulo, Eleonora, Berenice, O Mistério de Maria Rogêt, O Coração Delator, Um conto das Montanhas Escabrosas, O Demônio da Impulsividade, A Máscara da Morte Vermelha, O Retrato Oval, Willian Wilson e outros contos.

O mistério e o terror estão presentes nesses contos sempre narrados por uma personagem. Essas narrativas em 1ª pessoa prende a atenção do leitor ao colocá-lo como participante da história numa linguagem macabra e melancólica que aborda como temas correntes a morte, a loucura e a decomposição dos corpos. Essas narrativas sempre acontecem em ambientes escuros, com descrições fantásticas de nuvens negras, quartos abandonados, subsolo com esgoto e ratos etc.

Ao falecer aos 40 anos, Edgar Poe deixou uma vastíssima obra de poemas e contos em que o mistério e o terror são características relevantes que levam o leitor a viagens inimagináveis que vasculham a mente humana destacando o medo, a maldade, os transtornos mentais e as atitudes inesperadas de almas que habitam ambientes grotescos e macabros.


MORAIS, José Roberto. Fantástico Mundo da Leitura. José Roberto Morais. Pará de Minas, MG: VirtualBooks Editora, Publicação 2022. E-book formato PDF (p.19-20)

sexta-feira, 14 de julho de 2023

RETIRANTES NORDESTINOS

RESENHA

Uma família de retirantes nordestinos, formada pelo vaqueiro Fabiano, a sinhá Vitória e dois meninos compõem a narrativa “Vidas Secas” de Graciliano Ramos.

O livro que retrata o sertão castigado pela seca avassaladora, apresenta uma família que habita em terras nordestinas, que são transformados em retirantes.

Fabiano é um vaqueiro que perambulando pelo sertão seco encontra uma fazenda abandonada e decide fixar residência nesse ambiente. Ao chover, o dono da fazenda chega com o gado e ordena a saída do hóspede, mas esse oferece seus serviços de vaqueiro para poder ficar morando na casa.

Sinhá Vitória é a esposa do vaqueiro que vive acompanhando o marido nessa vida venturosa e sofrida. O seu desejo principal é ter uma cama para descansar à noite, após a lida no campo.

Os meninos não possuem nomes. São identificados apenas por menino mais velho e menino mais novo. O mais velho é castigado ao tentar saber o significado de algumas palavras que ouviu. O mais novo gosta de observar a vida do pai e repetir gestos que ele considera heroicos. Isso leva a sofrer algumas quedas ao tentar cavalgar um bezerro.

A cachorra Baleia é humanizada na obra. Apresenta atitudes, reações e até pensamentos. Porém, sofre um final trágico ao estar doente e sofrer um disparo de espingarda pelo dono, que a vitimiza.

O livro é composto por treze capítulos, independentes cronologicamente, em que a ausência de diálogos é notória. Afinal, o vaqueiro Fabiano não se considera gente, mas um bicho. Prevalece ao longo da narrativa, a descrição de gestos motivados pelo ambiente físico onde estão os personagens.

Cada capítulo apresenta um conflito ou descreve um personagem. Resultando em uma narrativa longa formada a partir de narrativas menores. Essas narrativas são intituladas, respectivamente, assim: mudança - relata a chegada da família à fazenda onde decidem ficar; Fabiano - é apresentado destacando suas características; cadeia - relata o episódio em que Fabiano foi preso na cidade ao envolver-se em jogos; Sinhá Vitória - destaca a dona de casa com seus desejos; o menino mais novo - narra as aventuras do garoto que admira o pai; o menino mais velho - destaca as curiosidades do garoto que deseja conhecer o significado das palavras; inverno - retrata a chegada das chuvas no sertão que traz alegria e esperança a família do vaqueiro; festa - é uma narrativa da participação da família na festividade religiosa; Baleia - relata as atividades realizadas pela cachorra, a caça aos preás e sua morte; contas -  apresenta a divergência entre as somas de sinhá Vitória e do patrão de Fabiano que resulta em discussão; soldado amarelo -  apresenta o reencontro de Fabiano com o soldado que o prendera na cidade; mundo coberto de penas - mostra a dificuldade da caça e o início de nova seca; e fuga, - finalmente, narra a última aventura da família que segue sem destino pela estrada durante a madrugada, ainda sonhando com dias melhores. 

Essa narrativa apresenta o retrato fidedigno do sertão. Um ambiente seco que determina as atitudes dos personagens que vivem suas vidas secas como retirantes nordestinos. 


MORAIS, José Roberto. Fantástico Mundo da Leitura. José Roberto Morais. Pará de Minas, MG: VirtualBooks Editora, Publicação 2022. E-book formato PDF(p.42-44)