“Poe foi um
escritor capaz de retratar temas e situações
que não conseguem
deixar o leitor imparcial”.
(PERNA & LAITANO,
2009)
Edgar Allan Poe (1809-1849) - poeta americano, escritor de contos,
crítico literário e editor, que é mais conhecido por suas estórias de
raciocínio, fantásticas estórias de horror e estórias de detetive que fundam o
gênero. Poe, cuja vida pessoal nebulosa é uma lenda virtual, considerava-se
primordialmente um poeta. Nascido em Boston em 1809, teve uma vida
repleta de acontecimentos fantásticos, misteriosos e tristes, que certamente
influenciaram nas temáticas de seus textos. O escritor, já aos três anos de
idade, sofre com a perda dos pais e está entregue aos cuidados de um grupo de
atores. Autor do
famoso poema “O Corvo”. Escreveu contos sobre mistério, inaugurando um novo
gênero e estilo na literatura.
Os temas
sombrios presentes em suas obras literárias também marcaram sua biografia. As
tragédias pessoais e a convicção sobre o próprio brilhantismo tornaram sua vida
tão fascinante quanto suas criações e essencial para compreendê-las, segundo
Fabra (2013).
Poe
nasceu em Boston, nos Estados Unidos, no dia 19 de janeiro de 1809. Filho dos
atores de teatro, David Poe Jr que abandonou a família em 1810 e de Elizabeth
Arnold que morreu após o nascimento de Rosalie (irmã mais nova de Poe). Segundo Baudelaire (2003, p.4),
David Poe Jr, padre de Edgar e
hijo del general, se enamoró perdidamente de una atriz inglesa, Elizabeth
Arnold, célebre por su beleza; se fugó uy se casó con ella. Para unir más
íntimamente su destino al de ella, se hizo actor y apareció con su mujer en
diferentes teatros, en las principales ciudades de la Unión.[1]
Ao ficar
órfão de mãe e ter a família abandonada pelo pai. Poe foi adotado informalmente
por família de ricos comerciantes (mercador de tabaco) de Baltimore, na
Virgínia, que lhe proporcionaram uma educação de qualidade, dos melhores
professores da época, segundo Frazão (2018).
Edgar A.
Poe ingressou na Universidade de Virgínia. Era inquieto e indisciplinado. Nessa
época passava a maior parte do tempo envolvido com mulheres e bebidas que
tornou endividado. Foi expulso por causa desse estilo aventureiro e boêmio.
Baudelaire
(2003, p.5) menciona que
la miséria le hizo ser soldado
una temporada, y es de suponer que empleó los pesados ocios de la vida de
guarnición en preparar los materiais de sus futuras composiciones,
composiciones extrañas que parecen haber sido creadas para demonstrarnos que la
singularidad es una de las partes integrantes de lo Bello. [2]
Em 1829
entrou para a carreira militar, na Academia de West Point, mas acabou expulso
por indisciplina. Perdeu a mesada de seu tutor e passou a escrever para
sobreviver, tornou-se editor de uma revista de Richmond. Segundo
Kennedy (2001), o Sr. Allan frequentemente reclamava que seu filho adotivo
(Poe) não demonstrava nenhum afeto nem gratidão para com ele.
Depois,
foi morar com sua tia, viúva, e sua filha Virgínia Clemm. Em 1836 casa-se
com sua prima, Virgínia, de apenas 13 anos de idade. Ela era “uma menina linda e encantadora, de um caráter amável e
heróico, mas pobre” (BANDELAIRE, 2003, p.6). Nessa época, seu projeto “Os contos de Folio
Club”, composto por poemas e contos, é aceito para ser publicado em um único
volume.
Passou por dificuldades financeiras depois que
perdeu o emprego. Elas foram superadas ao vencer os concursos de conto e
poesia, promovidos pela revista “Southern
Literary Messager, segundo Dilva Frazão (2018). Sem
emprego nem renda, Poe sobrevive com alguns poemas publicados em jornais e
revistas. Em 1833, ganha um concurso literário do The Saturday Visiter com o conto “Manuscrito encontrado numa
garrafa”.
Após
convite para dirigir a revista, durante dois anos esteve à frente do periódico,
onde publicava contos, poemas e artigos de crítica literária, menciona Frazão
(2018). Já nas palavras de Bandelaire
(2003, p.6),
Edgar Allan Poe, con un
maravilloso ardor, asombró a su público con una serie de composiciones de un
nuevo género y con artículos críticos cuya viveza, claridad y severidad
razonadas estaban hechas realmente para atraer las miradas. Aquellos artículos
se ocupaban de libros de todo género, y la sólida cultura que el joven había
adquirido le sirvió mucho.[3]
Viciado
na bebida perdeu seu emprego. O motivo desse rompimento foram os ataques de
hipocondria e as crises alcoólicas do poeta, acidentes característicos que
escureciam seu céu espiritual, como essas nuvens tristes que de repente dão a
paisagem um ar mais romântico de melancolia em aparência irreparável, segundo
Bandelaire (2013). Além disso, Dilva Frazão (2018) acrescenta que naquela época
sua esposa adoeceu e Poe começou a produzir como free-lancer, mas não obteve grandes resultados, afundou-se na
bebida, e a morte da mulher agravou-lhe o problema.
Poe
interessou-se pela literatura. Editou, dirigiu e colaborou em revistas de forma
brilhante, difundindo artigos críticos, filosóficos e contos. Segundo Ramos
(2015 p.1), “sua carreira de escritor começou pouco depois de abandonar a
Universidade, com a publicação de uma coleção anônima de poemas
denominada, Tomerlane and Other
Poems -1827 (Tomerlane e Outros Poemas)”. Depois, seguiram outras
publicações: Al Aaraaf, Tamerlane, and Minor Poems (Al Aaraaf, Tamerlane e Poemas Menores)
em
1829; Tales of the Grotesque and Arabesque (Contos do grotesco e do arabesco) em 1830.
Em 1841, Poe
lançou o novo gênero de ficção de detetive com "The Murders in the Rue Morgue" (Os assassinatos na Rua
Morgue). Suas inovações tornaram-lhe conhecido como "o Pai do Conto de
Detetive". Um escritor em crescimento, ele ganhou um prêmio literário em
1843 por "The Gold Bug," (O
Bug de Ouro) um conto cheio de suspense códigos secretos e caça ao tesouro.
O
conto “The Black Cat” (O Gato Preto)
de Edgar Allan Poe foi publicado em 1843 no The Saturday Evening Post. Nesse, o narrador,
um amante de animal, torna-se um alcoólatra que começa abusar de sua esposa e
do gato preto, Pluto. Pelo fim macabro da estória, o narrador observa sua
própria loucura ao matar a esposa, um relato do crime de seu gato preto a
polícia. O conto foi mais tarde incluído em 1845 na coleção de “Contos de Edgar Allan Poe”.
O
poema de Poe "The Raven" (O
Corvo) publicado em 1845 no New
York Evening Mirror, é
considerado entre os melhores e mais conhecidos poemas na Literatura Americana
e um dos melhores da carreira de Poe. Um narrador desconhecido lamenta a perda
de seu grande amor, Leonora, e é visitado por um corvo que insiste em repetir a
expressão: “nunca mais”. No trabalho, que consiste de 18 estrofes de seis
versos, Poe explorou alguns de seus temas comuns – morte e perda.
Segundo
Dilva Frazão (2018, p.1)
Edgar Allan Poe deixou poemas, contos, romance, temas policiais e de
horror. Muitas de suas obras exploram a temática do sofrimento causado pela
morte. O poeta acreditava que nada seria mais romântico que um poema sobre a
morte de uma mulher bonita. É considerado o criador do conto policial, seus
poemas mergulham na tristeza e as narrativas em temas de horror. Suas obras
foram um marco para a literatura norte-americana contemporânea, com destaque
para "Contos do Grotesco e Arabesco", publicado na França com o
título de "Histórias Extraordinárias" (1837), contos que
influenciaram diversas gerações de escritores de livros de suspense e terror, e
os poemas, “O Corvo” (1845) e “Annabel Lee” (1849).
Entre
suas obras destaca-se também: “A Queda da Casa dos Usher” (1839), “Os Crimes da
Rua Morgue” (1841), “A Máscara da Morte Escarlate” (1842), “O Coração
Delator” (1843), “O Gato Preto” (1843) e “O Barril de Amontilhado” (1846). Edgar Allan Poe faleceu numa taberna, em Baltimore,
em decorrência de doenças provocadas pelo álcool, no dia 07 de outubro de 1849.
Seu
enterro ocorre no dia 08 de outubro de 1949, sem ostentação.
Poe tem tido sua vida
biografada e a obra estudada em todo o mundo. Surgem críticos literários que
admiram sua obra em diferentes países. Seus contos tem encantado estudiosos e
conquistado leitores, pois ele é um escritor que ainda continua vivo no âmbito
da literatura norte-americana, tanto pela grandiosidade de suas obras, quanto
pelas influências que elas deixaram na literatura mundial, segundo Carmo
(2014). Poe é considerado um dos grandes escritores da literatura mundial, não
apenas pela variedade, mas também pela extensão de sua produção literária, até
mesmo Paul Valéry o aclamou como o mestre da imaginação material (TODOROV,
2004).
D. H. Lawrence foi, entre
tantos outros, um dos críticos da obra de Poe. Segundo ele, os contos góticos
de Poe seriam evidência de que sua mente estava se deteriorando. Ele foi um
escritor capaz de retratar temas e situações que não conseguem deixar o leitor
imparcial, que criam uma gama imensa de imagens, sejam elas reais ou não,
produtos da loucura ou da sanidade absoluta e que atingem diretamente o seu
destinatário, tornando-o cúmplice daqueles crimes, daqueles desvarios
(LAWRENCE, 1977 apud PERNA &
LAITANO, 2009).
No imaginário coletivo e na
cultura popular, Edgar Allan Poe é o escritor do sobrenatural, e a sua vida
confunde-se com a dos seus narradores anónimos atormentados por visões
fantasmagóricas que não conseguem interpretar. Além disso, Poe é considerado um
dos precursores da literatura de ficção científica e fantástica moderna.
Notas:
1. “David Poe Jr, pai de Edgar e filho do general, apaixonou-se perdidamente por uma atriz inglesa, Elizabeth Arnold, famosa por sua beleza; ele fugiu e se casou com ela. Para unir seu destino mais intimamente ao dela, ele se tornou ator e apareceu com sua esposa em diferentes teatros, nas principais cidades da União.” (Nossa Tradução - NT)
2. “A miséria fez dele um soldado por um período, e supõe-se que ele começou os pesados ócios da vida da guarnição em preparar os materiais de suas futuras composições, composições estranhas que parecem ter sido criadas para nos mostrar que a singularidade é uma das partes integrantes do belo.” (NT)
3. “Edgar Allan Poe, com um ardor maravilhoso, surpreendeu seu público com uma série de composições de um novo gênero e com artigos críticos cujas razões de raciocínio, clareza e severidade foram realmente feitas para atrair os olhares. Aqueles artigos lidavam com livros de todo gênero, e a sólida cultura que o jovem adquirira lhe servia bem.” (NT)
Notas:
1. “David Poe Jr, pai de Edgar e filho do general, apaixonou-se perdidamente por uma atriz inglesa, Elizabeth Arnold, famosa por sua beleza; ele fugiu e se casou com ela. Para unir seu destino mais intimamente ao dela, ele se tornou ator e apareceu com sua esposa em diferentes teatros, nas principais cidades da União.” (Nossa Tradução - NT)
2. “A miséria fez dele um soldado por um período, e supõe-se que ele começou os pesados ócios da vida da guarnição em preparar os materiais de suas futuras composições, composições estranhas que parecem ter sido criadas para nos mostrar que a singularidade é uma das partes integrantes do belo.” (NT)
3. “Edgar Allan Poe, com um ardor maravilhoso, surpreendeu seu público com uma série de composições de um novo gênero e com artigos críticos cujas razões de raciocínio, clareza e severidade foram realmente feitas para atrair os olhares. Aqueles artigos lidavam com livros de todo gênero, e a sólida cultura que o jovem adquirira lhe servia bem.” (NT)
REFERÊNCIAS
BANDELAIRE, Charles. Edgar
Allan Poe: su vida y sus obras. Biblioteca virtual universal. 2003.
DUARTE,
Bruno Marques. H.P. Lovecraft na história da literatura fantástica dos EUA.
FURG, 2013. Disponível em: http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/Ebooks/Web/x-sihl/media/comunicacao-4.pdf
Acesso
em 21 de janeiro de 2019.
FARBA,
Jordi Sierra i. Poe: a vida brilhante e sombria de um gênio / Jordi Sierra i
Farba; ilustrações Alberto Vásquez; tradução José Rubens Siqueira. – 1.ed. –
São Paulo: Ática, 2013.
FRAZÃO,
Dilva. Biografia de Edgar Allan Poe. Atualizado em 29 de novembro de 2018. Disponível
em: https://www.ebiografia.com/edgar_allan_poe/
Acesso em novembro de 2018.
PERNA,
Cristina Lopes; LAITANO, Paloma Esteves. O clássico Edgar
Allan Poe. Letras
de Hoje, Porto Alegre, v. 44, n. 2, p. 7-10, abr./jun. 2009.
RAMOS, Thaciane
Rollemberg. Edgar Allan Poe. UNIABEU,
2015. (Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa). Disponível
em:
SILVA, José Roberto de Morais. O fantástico nos contos "Berenice, Eleonora e Morella" de Edgar Allan Poe / José Roberto de Morais Silva - 2019. Monografia (graduação) - Universidade Estadual do Piauí - UESPI, Licenciatura Plena em Letras/Inglês, 2019. Orientador Prof. Me. Hélder Regino da Costa Silva. (pp.15-19)
TELES,
Hanny F. P; TELES, Luciano E. C. A literatura fantástica de Edgar Allan Poe: histórias
extraordinárias. Centro Universitário Nilton Lins, 2011.
TELES,
Hanny Francy Passos. A literatura fantástica de Edgar Allan Poe. Publicado em 01 de Agosto de 2011. Disponível em:
https://www.webartigos.com/artigos/a-literatura-fantastica-de-edgar-allan-poe/72938/ Acesso em janeiro de 2019.