O SERTÃO EM VERSOS
Hoje moro na cidade
Muitos
barulhos ouvindo
Invade-me uma
saudade
Percebo logo
sorrindo
Grandes
máquinas não param
Nossas vidas
se atrapalham
Vai embora a
emoção
Eu começo a
lamentar
E me sento pra
pensar
Vou morar lá
no sertão
Na noite de
sexta-feira
Deito, dormir
não consigo
Pois há uma
bebedeira
No endereço de
um amigo
O som do carro
ligado
Com o volume
topado
Aumenta a
poluição
Não posso nem
estudar
Mas isso vai
acabar
Vou morar lá
no sertão
Eu quero
acordar ouvindo
O canto dos
passarinhos
Para ver o sol
surgindo
Iluminando os
caminhos
Que nos levam
ao roçado
Com ferramentas
de lado
Pra cuidar da
plantação
Plantar milho
e mandioca
Para fazer
tapioca
Morando lá no
sertão
Eu quero
observar a chuva
Nossa lavoura
molhando
E pegar o
guarda-chuva
Para sair
caminhando
Sentindo a
terra molhada
E subir aquela
chapada
Pisando meus
pés no chão
Passar o dia
na roça
Depois voltar
pra palhoça
Morando lá no
sertão
Vou pegar a baladeira
Algumas pedras
juntar
Ver a vaca
lavandeira
No curral para
ordenhar
Ao passar lá
no baixio
Lá na passagem
do rio
Observando a
criação
Das cabras e
seus cabritos
Há bandos de
periquitos
Morando lá no
sertão
Lá no sítio me
criei
Ao lado dos
animais
Com frutas me
alimentei
Comi muitos
vegetais
E só vim para
cidade
Pra estudar na
faculdade
Fiz minha
graduação
Já sou
especialista
Antes de
perder a vista
Vou morar lá
no sertão
Eu desejo
ainda ver
As aves no
juazeiro
Cantando ao
amanhecer
E durante o
dia inteiro
Observar os
bem-te-vis
Os nambus, as
juritis
Campina, gola, azulão
Linda rosa da
catinga
Sanhaçus e
jacutinga
Morando lá no
sertão
Nas noites de
lua cheia
O tatu eu vou
caçar
Para fazer
minha ceia
Uma cutia
matar
Vou observar a
beleza
Da nossa mãe
natureza
E sua
população
Numa rede me
deitar
Conversar e
namorar
Morando lá no
sertão
Vou deixar
essa cidade
Aqui eu não
sou feliz
Pois minha
felicidade
É tudo que eu
sempre quis
Casarei com a
morena
Numa casinha
pequena
Vou fazer
habitação
Junto com
minha querida
Viveremos
nossa vida
Morando lá no
sertão.
(Serra
Esperança, 26/07/2017)
Registrando a angústia do sertanejo que vive na cidade, mas que sonha em viver no seu habitat: o sertão.
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