Os
cidadãos não deveriam ser exigidos pela lei para votar porque o
voto facultativo é a melhor escolha para eles.
O
voto deve constituir um instrumento para que a coletividade manifeste
a sua vontade política, sintetizando o modo como os representantes
eleitos pelo povo devem pautar sua atuação enquanto gestores
públicos. Votar deveria expressar a vontade de ser representado por
candidato que se julga capaz de honrar o mérito conferido a ele.
Porém, o voto é obrigatório desde o Código Eleitoral de 1932, a
fim de garantir a presença dos eleitores nas eleições.
A
obrigatoriedade do voto permite que os cidadãos tenham mais contato
com a política e também aumenta o volume de participação nas
eleições. Mas esse grande número não significa que todos têm
consciência do que estão fazendo. Muitos dizem que votam porque são
obrigados, sem pensar na luta necessária para que todos os
brasileiros pudessem votar secretamente. O governo é necessário,
portanto, seus representantes devem ser escolhidos de forma justa e
consciente. Além disso, a democracia obrigatória não parece muito
justa. Quanto mais eleitores desinteressados votam, maior as chances
de termos candidatos corruptos eleitos, corruptos porque compram
votos daqueles que não foram ensinados a valorizar suas escolhas.
Por
outro lado, o voto facultativo pode ser caminho para que o governo
crie medidas para incentivar a verdadeira participação do povo nas
eleições. Sua implantação acrescentará um ganho qualitativo no
processo de escolha, uma vez que reduzirá o número de variáveis
que influenciam na definição do candidato que receberá o voto,
pois só participarão da eleição os cidadãos dotados de
consciência política e o mínimo de senso crítico. O voto
facultativo é direito, não dever; adotado pela maioria dos países
desenvolvidos de tradição democrática; ele garante a participação
de eleitores conscientes e motivados.
Os
países mais desenvolvidos do mundo, tanto no campo político
como econômico, que praticam a democracia representativa, adotam o
voto facultativo. Nos oito países mais industrializados e
desenvolvidos economicamente do planeta, grupo denominado G8,
considerados nações democráticas, com exceção da Itália, o
cidadão tem a liberdade de comparecer ou não às urnas.
Acrescenta-se
que o voto é sempre facultativo nas grandes democracias do mundo,
enquanto que o voto é obrigatório em apenas 30 países, estando
metade na América Latina. Exemplificando, no continente americano 20
países adotam o voto facultativo e 13 adotam o voto obrigatório.
Canadá e EUA, os países mais ricos da região, adotam o voto
facultativo. Na América Central, a maioria dos países optou pelo
voto facultativo enquanto o voto obrigatório predomina nos países
Sul americanos. Além disso, os países que adotam o voto
obrigatório, exceto a Costa Rica, têm sua história associada a
intervenções militares, golpes de estado e autoritarismo político.
Conclui-se
que não é possível conciliar a obrigação de votar com a noção
de liberdade, dentro de um Estado Democrático de Direito. Portanto,
o voto facultativo insere o cidadão no campo da plena e livre
escolha, tornando o sufrágio mais combatível com os ideais
democráticos. No Brasil, determinaria uma mudança na postura e na
atuação dos partidos políticos, pois somente irá votar aquele
eleitor que estiver motivado e convencido de que seu ato terá um
significado prático, tornando-se a melhor escolha para os cidadãos
brasileiros.
Enquanto eleitor não gostaria de ser obrigado a votar; mas sim, votaria só quando fosse motivado o suficiente, sabendo que meu voto seria tratado com respeito, não apenas como um voto a mais.
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