Desde pequeno aprendi a viajar pelo mundo da leitura.
Percebi que os textos oferecem mundos diversos para apreciarmos.
Viajei
pelo país da gramática com Emília, Pedrinho e o rinoceronte. Conheci a Távola
Redonda e seus cavaleiros, entre eles, o rei Artur e o cavaleiro Lancelote.
Penetrei as matas brasileiras e conheci Peri, Iracema, Cauê, Poti, Jaci e
outros índios. Montei na mula sem cabeças e persegui o curupira. Pesquei com o
Jeca Tatu e depois fui ao engenho de Seu Lula, embora estivesse com o fogo morto.
Em passagem por Portugal, ouvi a mensagem de Pessoa e descobri o crime do padre
Amaro e o adultério de Luísa com o primo Basílio; passei pelas cidades e serras
com Eça de Queiroz e cheguei aos Maias. Ao conversar com Castelo Branco,
falamos sobre os amores de perdição e salvação. Encontrei Eurico, o presbítero
com Alexandre Herculano procurando Hermengarda que havia enlouquecido de amor.
Garret me contou algumas aventuras vividas nas viagens à minha terra. Em
passagem pela Inglaterra, presenciei o amor de Romeu e Julieta entre guerras
que culminou numa tragédia; conheci Oliver Twist no asilo da mendicidade e
fomos a Londres viver aventuras com os “gatunos” e conhecer uma sociedade
marginalizada. Retornei à América e maravilhei-me com as narrativas de mistérios
e terror de Edgar Allan Poe; já na América do Sul, vivi cem anos de solidão até
encontrar o carteiro e o poeta, mas emocionei com cem sonetos de amor e as
memórias de minhas putas tristes. Cheguei ao Brasil pelo Rio Grande do Sul e
encontrei o negrinho pastoreando os cavalos montado no Baio observando os
lírios do campo e seguindo as trilhas do grande sertão veredas; depois
encantei-me com os arquipélagos de Veríssimo, mas decidi conhecer os sertões na
Bahia e encontrei os capitães de areia na tenda dos milagres. Andei pelas
terras dos meninos pelados e encontrei o menino do dedo verde. Conheci o galo
que logrou a raposa e o pato que bateu no marreco. Abri alas para o peru;
depois ouvi as relíquias da casa velha comendo as deliciosas guloseimas da Tia
Nastácia com Visconde de Sabugosa em passagem pelo sítio do pica-pau amarelo.
Voltei ao Ceará e festejei o nascimento de Moacir, filho de Iracema; admirei as
aventuras do sertanejo Arnaldo e a beleza de Flor na fazenda; mas fui convidado
por Alencar para visitar a viuvinha no Rio de Janeiro onde conheci a Senhora
Amélia que me dedicou apenas cinco minutos do seu precioso tempo, mas falou-me
do amor entre Lúcia e Paulo em Lucíola... Conversei com Esaú e Jacó e me
fascinei pela beleza de Capitu que fora casada com Bentinho, vizinho de Brás
Cubas e sua amante Marcela. Voei com José Lins e pousei na Paraíba. Fui ao
engenho de seu avô e conheci o menino de engenho, doidinho e o moleque Ricardo.
Ainda nas terras paraibanas conheci João Grilo, gargalhei com as mentiras de
Chicó e temi ao ver o major Antônio Morais. Em passagem por Alagoas, observei
as vidas secas do vaqueiro Fabiano, a Sinhá Vitória, a cachorra Baleia e os
meninos. Graciliano Ramos ainda relatou-me suas memórias do cárcere. Cheguei em
Pernambuco e ouvi as liras dos cinquentas anos de Bandeira; percebi que a
maioria dos pernambucanos tem vida e morte Severina e ouvem os galos cantando e
tecendo uma manhã. Em Exu, escutei histórias dos reis do cangaço e do baião na
voz do poeta Falcão. Ao chegar nas terras caririenses, conheci fatos
históricos, religiosos e políticos que envolveram o padre Cícero Romão em
milagre em Joaseiro, revivi o passado e conheci a história de Benigna com
Sandro Cidrão. No Araripe, vivi um grande amor, pintei as estórias de amor em
amarelo ouro, vermelho carmim e lilás. Fui ao Riacho Grande e conheci sua
história, depois busquei um refúgio para escrever 50 sonetos. Encontrei o filho
da terra seca que tornou-se discípulo da inspiração, concluindo a vida e o
verso. Passei em Campos Sales e percebi que um bom educador santifica seu
espirito. Fui ao Salitre e conheci sua história comendo farinha numa cuia
grande, além de apaixonar-me com o soneto de identidade e outros poemas.
Depois de muito viajar, cheguei ao reino de Savalha e renunciei
um amor. Ouvi as Crônicas de Nárnia, conheci os segredos da mente milionária e
descobri que não tenho fé o suficiente para ser ateu. Por isso, ao acordar fiz
as leituras diárias e ouvi o chamado de Jesus, pois descobri que Ele é a única
esperança ao conhecer Bianca Toledo e descobrir a prova viva de um milagre.
Ouvi certa vez que texto ou poesia boa,é aquele ou aquela que você lê e diz: eu poderia ter escrito isso...rs
ResponderExcluirPoeta, parabéns! Você é magnífico com às palavras. Muito bom mesmo!
És domador das palavras. Fantástico texto poeta José Roberto.
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