LITERATURA BRASILEIRA
Em 1921, Manuel Bandeira
morava no Rio de Janeiro. Conheceu Mário de Andrade e através desse, colaborou com o
poema “Bonheur Lyrique”
para a revista modernista Klaxon. Mário o informou sobre os pretensos
interesses em realizar um grande evento modernista em São Paulo no ano vindouro
e desejava a contribuição de Manuel no momento de apresentações artísticas
inovadoras que duraria uma semana e aconteceria no Teatro Municipal de São
Paulo.
- Prazer em conhecê-lo, eu sou Mário.
- Olá, Mário. Eu sou Manuel.
- Eu estava à sua procura Manuel, pois estou planejando, com
alguns colegas artistas, um evento a ser realizado no próximo ano em São Paulo.
E nós desejaríamos contar com sua participação.
- Esse evento tem temática específica? Qual o seu propósito?
- A nossa proposta é explorar a brasilidade e
valorizar o território nacional como berço de inspiração cultural através da
poesia, música, dança, pintura e outras expressões artísticas. Antes, quero que
você escreva algo para a revista Klaxon.
- Claro! Eu acho que tenho um
poema aqui que se encaixa muito bem nesse periódico.
Após a visita de Mário, Bandeira, que antes recebeu
influência parnasiana e simbolista, pensava numa produção que viesse ao
encontro das ideias do evento, estabelecendo uma nova estética que
rompesse com os padrões antigos e abrisse caminho para a arte moderna no país.
Pensando assim, ele decidiu que romperia com os vestígios
parnasianos presentes na sociedade e decidiu fazer um poema deboche agressivo
sobre a arte de rimas raras e métricas nos poemas ... concebeu-se “os
sapos”.
(...)O
sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos. (...)
Ronald de Carvalho
encarregou-se da declamação do poema, já que Bandeira não pode viajar a São
Paulo para participar do Movimento Modernista, cuja participação foi sempre à
distância.