segunda-feira, 15 de julho de 2024

A CASA DA MEMÓRIA: UMA CARONA NO TEMPO

 LITERATURA CEARENSE CONTEMPORÂNEA


Durante as férias escolares em julho, estive procurando alguns livros para momentos de entretenimento e busca pelo conhecimento. Nessa procura literária, me deparei com uma obra da literatura caririense, especificamente, salitrense. Trata-se d“A casa da memória”* do amigo, poeta e escritor Manoel Neto, da “terra abençoada, por Deus amada, querida, fulgurante”, a querida Salitre, onde vivi, diariamente, sete anos de vida escolar.

Nessa obra, composta por crônicas, o escritor de óptica aguçada, observadora e reflexiva sobre os fatos cotidianos, apresenta o dia a dia das crianças que frequentam às instituições escolares, outros fatos e ideias, além de eventos da vida dos moradores da pacata cidade do interior cearense e a passagem do tempo.

Revivi leituras já realizadas outrora no blog “De letra em letra” que foram organizadas nessa produção. Passeei com as crianças a caminho da escola, reencontrei os garotos G e Josivan, percebi que as crianças são a salvação da escola e me deparei com gente que volta à escola após o destino traçar outras trilhas na vida. Concordo que a falta de gosto das crianças pela leitura é culpa dos adultos e que não saber ler pode ser a coisa mais triste do mundo. Além de refletir sobre quem paga a falta de amor, de comida, de conselho, de sensibilidade, a violência contra os pequenos.

Na segunda parte, reencontrei Rita doida, refleti sobre os tempos em família, as crenças nossas de cada dia, os heróis anônimos, a injustiça bem perto de nós, o menino sem nome, quem são os estudantes, o cachorro enterrado no terreiro da casa e outros fatos e ideias.

Ao chegar a terceira parte, adentrei novamente a cidade de Salitre, onde passei as tardes no seio escolar durante sete anos que frequentei a Escola Francisco de Assis Leite e a Escola José Waldemar de Alcântara e Silva. Revi o pé da serra, as cacimbas de Dona Nega, as melancias verdes, as mulheres e aviamentos, a Rua São Pedro de antigamente. Recordei o aniversário de 30 anos da “linda cidade ao pé da serra do Araripe, exemplo de amor e humildade”, cidade abençoada de um “povo hospitaleiro” e reencontrei Maria da terra do boi.

Concluindo essa viagem, na última parte, de carona com o tempo, mergulhei nos baús da humanidade, a idade de ouro da vida, vi os meninos jogando bola na rua onde o poeta morou e finalmente retornei à casa da memória onde sua avó morou na Rua São Pedro, no centro da cidade.

Reler “A casa da memória”, obra instigante à reflexão através de narrativas do cotidiano, numa linguagem simples, me fez devanear pela minha infância e revisitar a casinha da minha avó através das recordações.  

  

*SOUSA, Manoel Neto de. A casa da memória: crônicas. 1ª edição. Editora D7. Campinas - SP, 2019.


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