LITERATURA CEARENSE CONTEMPORÂNEA
Durante as férias escolares em
julho, estive procurando alguns livros para momentos de entretenimento e busca
pelo conhecimento. Nessa procura literária, me deparei com uma obra da
literatura caririense, especificamente, salitrense. Trata-se d“A casa da
memória”* do amigo, poeta e escritor Manoel Neto, da “terra abençoada, por Deus
amada, querida, fulgurante”, a querida Salitre, onde vivi, diariamente, sete
anos de vida escolar.
Nessa obra, composta por
crônicas, o escritor de óptica aguçada, observadora e reflexiva sobre os fatos
cotidianos, apresenta o dia a dia das crianças que frequentam às instituições
escolares, outros fatos e ideias, além de eventos da vida dos moradores da
pacata cidade do interior cearense e a passagem do tempo.
Revivi leituras já realizadas
outrora no blog “De letra em letra” que foram organizadas nessa produção. Passeei
com as crianças a caminho da escola, reencontrei os garotos G e
Josivan, percebi que as crianças são a salvação da escola e me deparei
com gente que volta à escola após o destino traçar outras trilhas na vida.
Concordo que a falta de gosto das crianças pela leitura é culpa dos adultos e
que não saber ler pode ser a coisa mais triste do mundo. Além de refletir
sobre quem paga a falta de amor, de comida, de conselho, de sensibilidade, a
violência contra os pequenos.
Na segunda parte, reencontrei
Rita doida, refleti sobre os tempos em família, as crenças nossas de
cada dia, os heróis anônimos, a injustiça bem perto de nós, o menino
sem nome, quem são os estudantes, o cachorro enterrado no terreiro da casa
e outros fatos e ideias.
Ao chegar a terceira parte,
adentrei novamente a cidade de Salitre, onde passei as tardes no seio escolar
durante sete anos que frequentei a Escola Francisco de Assis Leite e a Escola
José Waldemar de Alcântara e Silva. Revi o pé da serra, as cacimbas
de Dona Nega, as melancias verdes, as mulheres e aviamentos, a Rua São
Pedro de antigamente. Recordei o aniversário de 30 anos da “linda cidade ao
pé da serra do Araripe, exemplo de amor e humildade”, cidade abençoada de um “povo
hospitaleiro” e reencontrei Maria da terra do boi.
Concluindo essa viagem, na
última parte, de carona com o tempo, mergulhei nos baús da humanidade, a
idade de ouro da vida, vi os meninos jogando bola na rua onde o poeta
morou e finalmente retornei à casa da memória onde sua avó morou na Rua
São Pedro, no centro da cidade.
Reler “A casa da memória”, obra instigante à reflexão através de narrativas do cotidiano, numa linguagem simples, me fez devanear pela minha infância e revisitar a casinha da minha avó através das recordações.
*SOUSA, Manoel Neto de. A casa da memória:
crônicas. 1ª edição. Editora D7. Campinas - SP, 2019.
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